O Paraná encerrou o primeiro semestre de 2025 como líder em exportações entre os estados da região Sul, com um resultado de US$ 11,1 bilhões negociados no mercado externo. O desempenho supera o registrado pelo Rio Grande do Sul (US$ 9,3 bilhões) e por Santa Catarina (US$ 5,9 bilhões), confirmando a liderança paranaense na região, posição já consolidada nos anos de 2023 e 2024.
Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e foram organizados pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). Eles apontam uma tendência de diversificação tanto dos produtos exportados quanto dos destinos comerciais do Estado.
A soja em grão manteve-se como principal produto de exportação, responsável por 19,2% das receitas do setor no semestre. Outros destaques foram carne de frango in natura (16,4%), farelo de soja (5,4%), açúcar bruto (4,6%) e papel (3,6%). Juntos, esses cinco itens responderam por 49,2% do valor total exportado. Em 2024, essa concentração era maior, com 57,5%, o que indica avanço na diversificação da pauta exportadora.
A balança comercial paranaense no período foi positiva em cerca de US$ 1,2 bilhão. Além dos US$ 11,1 bilhões em exportações, o Estado somou US$ 9,9 bilhões em importações, com destaque para adubos e fertilizantes, autopeças, óleos e combustíveis, produtos químicos orgânicos e farmacêuticos.
Mercados consumidores
A China se manteve como principal destino das exportações paranaenses, com US$ 2,5 bilhões em compras no semestre — o equivalente a 22,5% do total. Em seguida, aparecem Argentina (7,9%), Estados Unidos (6,6%), México (3,8%) e Índia (2,7%).
Em relação à concentração de mercados, o estudo mostra evolução na diversificação: os cinco principais compradores responderam por 43,5% das exportações no primeiro semestre de 2025, ante 45,4% no mesmo período de 2024.
O diretor-presidente do Ipardes, Jorge Callado, destacou a resiliência do setor exportador, mesmo diante de desafios como as barreiras sanitárias ao frango. “O cenário global vem passando por mudanças e o Paraná tem demonstrado resiliência e capacidade de enfrentar essas dificuldades”, afirmou. Mesmo com o caso de gripe aviária registrado no Rio Grande do Sul, as exportações paranaenses de carne de frango se mantiveram praticamente estáveis nos dois primeiros semestres de 2024 e 2025.
Industrialização e valor agregado
O secretário estadual do Planejamento, Ulisses Maia, reforçou o potencial do Paraná para ampliar ainda mais sua participação no comércio exterior. “O Paraná é líder na produção e exportação em segmentos alimentícios importantes e, com o incentivo do Governo do Estado, está se industrializando cada vez mais, agregando valor a uma cadeia produtiva cada vez mais diversificada”, ressaltou.
Impacto das tarifas dos EUA
Um ponto de atenção para o segundo semestre será a nova taxa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros a partir de agosto. Em média, o Paraná exporta cerca de US$ 1,5 bilhão por ano para o mercado norte-americano. Até junho de 2025, as vendas ao país somaram US$ 735 milhões.
Os principais itens enviados aos EUA são madeira e carvão vegetal, mas a pauta exportadora para esse mercado inclui mais de 90 categorias de produtos nos últimos quatro anos, como máquinas, combustíveis minerais, plásticos, alumínio, açúcar, café, adubos, borracha, produtos farmacêuticos, móveis, peixes e óleos vegetais.
De acordo com um estudo preliminar do Ipardes, a nova taxação deverá impactar especialmente a indústria madeireira, importante fornecedora de materiais para a construção civil norte-americana. Também podem ser afetados segmentos como a fabricação de máquinas e equipamentos e a produção de café solúvel.
Apesar disso, o agronegócio paranaense como um todo não deve sofrer grandes perdas, já que os Estados Unidos não estão entre os principais destinos dos alimentos produzidos no Estado. Em 2025, o Paraná já vendeu US$ 6,4 bilhões em produtos alimentícios e bebidas para outros mercados globais.
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