Alvaro Dias confirma pré-candidatura novamente ao Senado

Cristina Vargas e Marcilei Rossi

Reeleito pela terceira vez consecutiva senador pelo Paraná, em 2014, Alvaro Dias, confirma a pré-candidatura ao Senado, pelo Podemos, nas eleições deste ano. Dias iniciou a carreira política elegendo-se vereador de Londrina, em 1968, pelo MDB.

Ao longo da vida política foi eleito deputado estadual, deputado federal e governador do Paraná (1986), com passagem também pelos partidos PSDB e PDT. Em 2018, já pelo Podemos, foi candidato à presidência da República.

Como pré-candidato, Alvaro Dias vem percorrendo os municípios paranaenses, e nesta semana esteve visitando o Sudoeste. Em Pato Branco, na terça-feira (12), Dias concedeu entrevista exclusiva ao Diário do Sudoeste, e falou sobre a movimentação eleitoral deste ano, mudanças necessárias no cenário político atual, candidatura ao Palácio Iguaçu e a polarização política nacional, entre outros assuntos.

Diário do Sudoeste – Qual a expectativa, neste momento, ao percorrer o Paraná?

Alvaro Dias (Podemos) – Vim a Pato Branco para uma reunião da ADI (Associação dos Jornais e Portais do Paraná). A campanha ainda não começou, mas até o final deste mês teremos as convenções e depois a campanha eleitoral. A convocação que me faz é que eu disputo novamente o Senado.

Já fui senador várias vezes, mas desta vez a convocação é ampliada. Não é só o partido que nacionalmente prioriza meu retorno ao Senado, mas as lideranças suprapartidárias no Senado também fazem essa postulação para que eu retorne, pela experiência adquirida e para que continue dado uma boa contribuição ao parlamento.

Aqui no estado, as pesquisas também indicam que há uma preferência para que eu dispute o Senado. Por esta razão, a decisão provavelmente será esta, dia 30 teremos a convenção, e a partir daí iniciaremos a campanha eleitoral.

Qual o aprendizado obtido desde o início da caminhada política, na década de 1960, ainda em Londrina, mas principalmente com o processo eleitoral de 2018?

Vivemos ciclos na política e isso nos confere uma boa experiência. É como se estivesse na área educacional, sai do curso primário, ginasial, universidade, passa pelo mestrado, doutorado, pós-doutorado, enfim, alcança o grau máximo da educação. Na política também é assim. Começa como vereador e se chega ao Senado e à presidência da República.

Então, obviamente, tenho o dever de oferecer a minha experiência prestando serviço ao país e a democracia. E é o que eu pretendo agora. Poderia, enfim, dizer chega, já cumpri minha missão, como o apóstolo Paulo diz: “completei a carreira e guardei a fé”, mas não. Acho que tenho esse dever. Se houve esse investimento todo para que eu chegasse a esse grau de experiência, acho que devo utilizá-la a serviço do país e da democracia. Evidentemente, aceitando as minhas limitações.

O que eu vi nisso tudo? Infelizmente a política é o chão minado da inversão de valores, das injustiças, das incompreensões, da ingratidão e até, lamentavelmente, da traição.

A gente convive nesse mundo, a política estimula a ambição das pessoas, muitas vezes a ambição desmedida. Nem sempre há prioridade para a qualificação, para o preparo, para a honestidade, para a postura ética, para o respeito à cidadania. Muitas vezes os ‘animadores de auditório’ da política, os ‘amestradores de serpentes’, acabam confundindo, iludindo e vencendo. Isso a gente aprende na política, sobreviver é uma selva, onde só sobrevive com dignidade os que são fortes.

Em 2018, você falava que “o povo brasileiro exige mudança, mas esses ventos ainda não chegaram à política”. Passados quatro anos, estes ventos já chegaram? Na sua visão, o processo de 2018 ainda vai interferir nas eleições deste ano?

Infelizmente esses ventos ainda não chegaram à política. Quando você vê que tem o fundão eleitoral, que depreda a política, porque é uma imoralidade; quando você vê o chamado orçamento secreto do Congresso; aí você chega a conclusão que os ventos da mudança não chegaram à política.

Tivemos retrocessos na área de combate à corrupção. Não fizemos uma reforma política. Não estou responsabilizando este ou aquele, estou falando de modo geral. Em tese, todos. Não vencemos. Aqueles que querem mudar não se constituíram vitoriosos neste período, e que me incluo entre eles.

Mas acho que não dá para jogar a toalha. Temos que continuar insistindo para que as mudanças ocorram, para que as reformas aconteçam e para que cheguemos – como eu dizia em 2018 – à refundação da República, que sintetiza tudo isso que nós queremos como mudança.

Qual o papel do senador no atual cenário político de polarização?

Nesse cenário de polarização, tenho que ser realista, pé no chão. Acho que é irreversível essa polarização, neste pleito. São dois candidatos que estão aí, a menos que aconteça algo inesperado, eles chegarão à disputa final.

Essa polarização vai perdurar durante quatro anos, provavelmente. Temos que continuar trabalhando para acabar com ela ao fim desses quatro anos, creio que ela se esgota. Aí teremos aquilo que chamam de ‘janela de oportunidades’. Outras oportunidades haverão de surgir no cenário da política brasileira.

Da minha parte, o que tenho a dizer ao Paraná, principalmente, é que pretendo colaborar para que o país saia desse buraco. Então, qualquer que seja o presidente eleito, se desejar, terá a minha colaboração no Congresso, se eu for eleito.

Vou colaborar para que as reformas aconteçam, para que o país mude naquilo que é essencial, para melhorar a vida das pessoas. Quero ser um colaborador. Já fui oposição durante 16 anos, recentemente. Tive uma postura de independência durante esses anos do presidente Bolsonaro, colaborando em tudo que podia, votando favoravelmente em tudo que pude votar, para ajudar o governo, mas agora, com a maturidade adquirida durante todos esses anos, com a experiência, tenho que realizar o melhor mandato da minha vida, no sentido da colaboração e da contribuição.

Como você avalia de forma geral o encaminhamento desses governos, e a sua atuação?

A minha situação ainda está por resolver, em relação às alianças. O fato é que tivemos uma aliança em 2018, com o governador Ratinho Junior, apoiamos o seu governo durante esses anos. Facilitamos tudo em Brasília, no Congresso, pela primeira vez tivemos uma bancada unida, com os três senadores do Podemos apoiando o governador Ratinho Junior.

A lógica me impõe que teremos a coligação, que ela não será desfeita agora, nesse momento crucial da disputa eleitoral. E que permaneceremos por mais quatro anos colaborando.

Mas, mesmo com uma corrente falando nos bastidores que o Podemos poderá ter um candidato ao governo do Estado?

Sim, houve esse desejo. É natural e legítimo que o partido tenha essa vontade. Fui pressionado a ser candidato ao governo, mas não é esse o nosso propósito.

Sinto que a convocação da população é que eu dispute o Senado, as pesquisas indicam isso. Vejo nas pesquisas que a população reelegem o governador e me convoca para continuar no Senado, e eu estou acostumado a obedecer a vontade popular.

O que esperar do processo eleitoral deste ano?

Vem o desejo de que a população separe o joio do trigo, faça a escolha adequada de seus representantes, focando principalmente o Congresso Nacional. Que escolham bem os deputados, estaduais também. Porque somos vítimas dos equívocos que cometemos ao escolher, e sofremos as consequências.

Por já ter contribuído por longo período com a política, quando Alvaro Dias pensa em frear a carreira e ficar com a família?

Quando eu falo que esse é meu último mandato, há alguém que ri, porque sabe que eu não fujo das convocações. Eu tive só um dia, agora, de andança no interior, e me emocionei com o carinho das pessoas. Há alguns fatos realmente emocionantes.

Isso chama à responsabilidade. Por isso é difícil dizer. Acho que só vou parar quando a população disser que eu tenho que parar. Mas como sinto que a população não deseja que eu pare, seguirei.

Vou dizer, no primeiro dia do novo mandato, se o povo me levar de volta ao Senado, que será como se eu estivesse no primeiro dia do meu primeiro mandato. Sem diferença, em matéria de energia e disposição, mas com uma grande diferença em relação à experiência e capacidade técnica.

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