Dança traz inúmeros benefícios para a saúde mental

Ballet, fit dance, dança de salão, dança do ventre, samba, frevo, forró, stilleto, hip hop: a dança possui diferentes estilos e ritmos e, por ser tão diversificada, tem opções para todos os gostos.

Para dançar, basta coordenar uma série de passos seguindo um ritmo musical. Mesmo para quem não é um exímio dançarino, é uma prática muito fácil, e pode ser feita por qualquer pessoa, de qualquer idade, em qualquer condição de agilidade ou tipo de corpo. Ou seja, todo mundo pode dançar qualquer estilo ou gênero musical. Sendo assim, dançar é um bom exercício até mesmo para pessoas fisicamente pouco ativas.

Quando realizamos uma atividade física, nosso corpo libera hormônios como a endorfina, dopamina e serotonina, que são responsáveis por promover a sensação de felicidade. Bastam apenas 5 minutinhos de dança para acalmar a mente e melhorar o humor de quem não é muito fã de treinos em máquinas ou mesmo quer diversificar os exercícios físicos, sendo a dança uma boa escolha.

Além da atividade física, a dança é uma forma de socialização que aproxima as pessoas e permite conhecer indivíduos de diferentes culturas ou de diferentes origens. É uma forma de fazer amigos, de se sentir livre, de conhecer o corpo e de aprender a expressar-se através dele. Trabalha a cooperação, a disciplina e desenvolve sentimentos de consideração e respeito pelo próximo.

Por isso é uma atividade leve e divertida, que contribui com diferentes benefícios para a saúde mental, melhorando quadros de ansiedade, humor, socialização e autoestima.

Autoconfiança

Conforme o professor do curso de psicologia Cleyson Monteiro, no que diz respeito a autoestima baixa, praticar dança promove o bem-estar e a recuperação da autoconfiança, principalmente quando esse sentimento gera no individuo um valor de insuficiência e insegurança na interação com outras pessoas. “Nesse caso, a dança é uma forte aliada para afastar esse tipo de sofrimento. Ao se conectar com o próprio corpo, automaticamente é desenvolvido o autocontrole. E, à medida que existe o aprendizado de novos passos e coreografias, a autoconfiança cresce”, diz.

Há dois anos e meio, a empresária Isabella Gugelmin de Lima pratica tecido acrobático, uma espécie de dança aérea que requer, ao mesmo tempo, força e delicadeza. “Além de ser um exercício físico intenso, no qual é preciso fazer força o tempo todo, os movimentos precisam ser leves e delicados pra ficar legal no ritmo da música”, explica. E conseguir as duas coisas ao mesmo tempo, para Isabella, é superação. “Você precisa se sustentar com todo o seu peso no alto, fazer os movimentos corretos pra não cair e não se machucar e ainda ficar bonito”.

A empresária conta que, no começo de um novo movimento ou coreografia, sempre dá tudo errado. “Tudo dói e a gente se machuca mesmo. Mas depois, com a insistência e os treinos, conseguimos fazer o movimento bem bonito, do jeito que queríamos e imaginávamos lá no início, e isso me deixa muito autoconfiante”, avalia. “Isso sem contar as amizades, as crises de riso…É como uma terapia”.

A interação entre os alunos é um dos pontos de destaque dessa atividade física. “A dança, dependendo da modalidade, precisa do outro como coparticipante. Independente do que os outros possam pensar a respeito dos seus movimentos, esse vínculo social é automático, porque elas se veem naquele que está apresentando aquela arte”, explica o professor.

A autoconfiança também é citada pela produtora Isa Venâncio, que define-se uma pessoa descoordenada para dançar, mas que nem por isso deixou de se desafiar com a dança. “Quando consigo fazer a coreografia, me sinto muito confiante. É como se eu conseguisse realizar o impossível”, define.

Isso porque os movimentos repetitivos de uma coreografia ou de uma simples sequência de passos trabalham positivamente o nosso hipocampo, região do cérebro responsável por armazenar as memórias. Modalidades como a dança de salão, por exemplo, são ótimas para quem também busca melhorar a coordenação motora e a concentração.

Bem-estar emocional

Pessoas que sofrem com ansiedade tendem a ser mais aceleradas, sendo uma das suas características o pensamento focado no futuro. Ao dançar, a pessoa libera serotonina, o hormônio da felicidade, e ao se conectar com a música e focar nos próprios movimentos, os pensamentos se voltam para o presente, além de gerar o sentimento de prazer e alegria, auxiliando na diminuição do estresse.

Segundo Monteiro, “pensamentos ansiosos causam sentimentos de angústia, receio e medo do futuro, por exemplo. Quando a pessoa começa a cuidar do físico, psíquico e psicomotricidade, que é o equilíbrio entre o corpo e mente, volta a ter uma maior estabilidade nesse descontrole emocional a partir do momento em que a dança desperta prazer, emoção e sentimento de satisfação”.

Para Cleyson, a dança estabelece uma relação vinculada afetiva e, principalmente, de uma autoestima, uma observação do seu próprio corpo e do entendimento dele, “além de ser uma atividade que traz o desenvolvimento físico, cardiorrespiratório, psicomotricidade e principalmente o bem-estar emocional, auxiliando a enfrentar as adversidades da vida”. Portanto, é uma atividade física que abrange diferentes áreas do nosso corpo, gerando diversos benefícios, tanto para a saúde física como mental.

A arquiteta Tamara Alff, que faz aulas de dança em uma academia, diz que essa é uma das melhores atividades da sua vida adulta. “Me sinto uma mulher viva em diversos sentidos”, conta.

Tamara acredita que a saúde mental está muito ligada com a saúde física, e a dança, por ser uma arte, contribui ainda mais para isso. “Eu pratico jazz funk, e sinto que nessa prática há algo de entender o movimento sensual do corpo, de me entender ainda mais como dona dele”, define.

A arquiteta conta que sua instrutora, ao passar os passos, faz afirmações que despertam a autoestima, como ‘imagine que você está seduzindo alguém, e esse alguém pode ser você’. “Se a gente se imagina super poderosa, o passo está dado: é só internalizar e potencializar com o que você já conhece de você e aplicar tudo no rebolado”, indica.

Um dos benefícios da dança é que, através dos movimentos realizados, nos expressamos mais naturalmente. Desse modo, é possível usar a dança como canalizador de emoções negativas e assim conquistar mais controle e saúde para o lado emocional. No momento em que muitas vezes, mesmo que de forma inconsciente, nossa mente tende a pensar um tanto quanto pessimista, dançar, nem que seja por 10 ou 15 minutos, vai melhorar, e muito, a sensação de bem-estar e felicidade.

Benefícios da dança para o corpo

Além de cuidar da mente, a dança colabora com diversos aspectos físicos, entre eles deixa os músculos mais fortalecidos. A partir do momento que você começa a praticar qualquer modalidade da dança com frequência, as mudanças físicas no seu corpo são visíveis. Ao trabalhar com diferentes grupos musculares, o corpo fica mais forte e menos sujeito a lesões do tempo.

Com a dança, o sistema cardiorrespiratório também fica mais resistente. Dançar 30 minutos por pelo menos três vezes por semana aumenta a frequência cardíaca e respiratória, aumentando a nossa disposição e energia.

A postura e a flexibilidade também são beneficiadas com a dança, e o corpo mais alongado cria um espaço maior entre as articulações, promovendo uma recuperação muscular mais rápida e saudável nas situações do dia a dia.

Enquanto você se diverte dançando seu ritmo favoritos, você também gasta calorias. Uma hora de zumba, por exemplo, pode queimar até mil calorias, enquanto a dança de salão queima em média 300 calorias.

Onde?

Atualmente, existem aulas disponíveis em diversos lugares, de academias especializadas até em espaços públicos da cidade, como no Largo da Liberdade. Mas dá ainda pra arrastar os móveis e fazer aulas online, como a professora universitária Rosângela Marquezi, que é adepta da psicoterapia do movimento. “A dança tem me ajudado a olhar pra mim mesma de forma mais amorosa”, garante.

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