Mais de 10.000 novos casos de leucemia devem ser diagnosticados em 2023

A leucemia é um tipo de câncer maligno, considerado por muitos especialistas uma doença silenciosa por ter evolução lenta em um número significativo dos casos, o que dificulta o diagnóstico precoce e aumenta o risco por morte. Neste ano, a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) é de que mais 11.540 novos casos serão diagnosticados no Brasil, sendo 6.250 em homens e 5.290 em mulheres.

O médico oncologista, André Bini, conta que a estimativa no Paraná é de 750 novos diagnósticos. “Estes dados do Inca são baseados no histórico anual de números de novos casos. Neste ano, dos 750 estimados para o Estado, 140 devem ser diagnosticados na capital Curitiba, e o restante distribuído pelas cidades do interior”, explicou.

Bini, explica que a Leucemia, é uma doença maligna, popularmente conhecida como “câncer no sangue”, caracterizada por um conjunto de vários tipos de câncer, originados pela produção de glóbulos brancos ou leucócitos alterados e que possuem um comportamento de células malignas. “Os leucócitos, por sua vez, são produzidos na medula óssea, localizada no interior dos ossos grandes como o quadril, os fêmures e o osso esterno do tórax. A sua produção descontrolada interfere também na produção das outras células, que são as plaquetas e as hemácias ou glóbulos vermelhos do sangue”.

Infelizmente, para a maioria das leucemias, não há como determinar uma causa específica. O médico conta que o surgimento da doença deve estar relacionado às mutações genéticas dos leucócitos. “Tem também a questão de alguns subtipos que podem surgir desenvolvidos a partir de infecções virais, como a Leucemia agressiva de células NK, que pode ser causada pelo vírus Epstein-Barr, e a Leucemia de células T do adulto, que pode ser causada pelo retrovírus chamado HTLV-1, que é semelhante ao HIV”, salientou Bini.

ATENÇÃO AOS SINTOMAS

A principal manifestação clínica das Leucemias se dá pelo surgimento de infecções persistentes ou recorrentes, anemia e hemorragias. “Estes sintomas são mais comuns na leucemia aguda, pois a leucemia crônica pode ser assintomática até que seja diagnosticada”, explicou.

Bini destaca ainda, que como a leucemia é uma doença sem causa específica, é importante observar os sinais e sintomas, sendo esta uma das melhores maneiras de obter um o diagnóstico precoce. “Dentre os sintomas já citados devemos prestar atenção a sintomas leves ou persistentes como cansaço, anemia, inapetência, sangramentos nasais ou orais, febre, sudorese noturna, dores nos ossos, manchas roxas pelo corpo, gânglios aumentados e dor abdominal persistente”.

André Bini é médico oncologista, CRM 15231, RQE 10977.

Depois de identificados estes sintomas, a pessoa deverá procurar um médico especialista para obter o diagnóstico final da doença. Neste caso, o Inca afirma que “a detecção precoce do câncer é uma estratégia para encontrar um tumor em fase inicial e possibilitar maior chance de tratamento. Ela pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos, ou com o uso de exames periódicos em pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento), mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença”.

Sobre os fatores de risco, o oncologista ressalta que as doenças virais podem ser consideradas os principais motivos para o desenvolvimento da Leucemia. “Além disso, temos os fatores ambientais, como exposição a radiações, produtos químicos e até mesmo alguns tratamentos quimioterápicos prévios, contudo, para a grande maioria dos casos não há fatores de risco envolvidos”.

EXAMES DIAGNÓSTICOS

Depois de procurar auxílio médico, o paciente deverá iniciar uma série de exames para confirmar o diagnóstico da doença. Para a confirmação da suspeita de leucemia o exame realizado é o de sangue, chamado de hemograma. “Em caso positivo, o hemograma estará alterado, mostrando na maioria das vezes aumento ou redução importantes do número de leucócitos, associado ou não à diminuição das hemácias e plaquetas. Existe também a necessidade de outras análises laboratoriais, como exames de bioquímica e da coagulação, e que também poderão estar alteradas”, orienta o Inca.

Já a confirmação diagnóstica é realizada através do exame da medula óssea, conhecido como mielograma. “Nesse exame, retira-se uma pequena quantidade de sangue, proveniente do material esponjoso de dentro do osso, para avaliação da forma das células (análise citológica), avaliação dos cromossomos das células (citogenética), avaliação de mutações genéticas (molecular) e avaliação do fenótipo das células (imunofenotípica)”.

A realização da biópsia da medula óssea também deverá ser realizada em alguns casos. Para a realização deste procedimento, um pequeno pedaço do osso da bacia é enviado para análise por um patologista.

TIPOS E SUBTIPOS

A leucemia possui diversos tipos e subtipos, que podem ser divididos quanto ao tempo de evolução e tipo de célula afetada. Neste caso, é possível destacar os tipos mais comuns.

Leucemia Aguda: onde ocorre a multiplicação rápida dos leucócitos e a produção de muitas células imaturas. São as mais comuns em crianças.

Leucemia Crônica: a transformação maligna ocorre principalmente em células mais maduras e costuma ter uma evolução muito lenta que pode chegar a vários anos. Este tipo é raro em crianças.

Leucemia Mieloide (ou mieloblástica): é mais comum em adultos e afeta as células mieloides como eritrócitos, plaquetas, macrófagos, neutrófilos, eosinófilos ou basófilos.

Leucemia Linfoide (ou linfocítica ou linfoblástica): é mais frequente em crianças e afeta as células linfoides que são os linfócitos B e T e as células NK.

“Além desta grande divisão existem outros subtipos da doença”, destacou o médico André Bini.

PREVENÇÃO

Quanto à possibilidade de prevenir a doença, o Instituto Nacional de Câncer, em suas diversas análises, concluiu que, se na maior parte dos casos os pacientes com leucemia não apresentam fatores de risco conhecido, fica difícil de adotar meios efetivos de evitar o aparecimento da doença. “No entanto, o tabagismo se correlaciona com aumento do risco de Leucemia Mieloide Aguda. Esse é um fator de risco modificável, relacionado a diversos outros tipos de câncer (pulmão, boca, bexiga) e outras doenças graves também, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral”. 

O que se pode concluir e é a orientação de muitos especialistas é que mesmo diante das características da leucemia, adotar hábitos de vida saudáveis ajudam a prevenir uma série de doenças e garantem mais bem-estar e saúde às pessoas.

Considerando esta perspectiva, o médico André Bini sugere que alguns hábitos sejam alterados. “Sempre recomendo adotar uma dieta saudável; praticar atividades físicas regulares; evitar o consumo de tabaco e derivados; evitar o consumo de bebidas alcoólicas, ou, se optar por ingerir, fazer isso de forma moderada; e sempre buscar manter o bem-estar emocional”. Além disso, o médico recomenda outros cuidados importantes como “a realização de consultas e exames periódicos, além de ter máxima atenção, observando sintomas persistentes que duram mais de duas semanas ou que parecem sem nenhuma explicação aparente”.

TRATAMENTO

O tratamento da doença é baseado no objetivo de destruir as células leucêmicas para que a medula óssea volte a produzir células normais, mas isso quem deverá determinar é o médico especialista com base nas características da doença manifestadas pelo paciente.

“Na prática a escolha do tratamento vai depender do tipo de leucemia manifestada e também da agressividade da doença, podendo incluir as modalidades de quimioterapia, imunoterapia, radioterapia e transplante de medula óssea”, concluiu o oncologista, André Bini.

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