Placentofagia: benefícios de comer a placenta são reais?

O destino dado à placenta humana após o parto da mulher é realizado observando diversos aspectos culturais, relativos à tradição, cultura, religião, crenças e superstições. O mais comum é que o órgão seja descartado pelo hospital, tomando todos os cuidados para que não haja possíveis contaminações.

Há culturas que prefiram preservar parte da estrutura, como o cordão umbilical; os maoris, esquimós e índios navajos dos Estados Unidos têm a tradição de enterrá-la; alguns carimbam a placenta em um papel para emoldurar a imagem que parece muito com a árvore da vida. Há também culturas que costumam comer a placenta, mais comumente realizado por pessoas no norte da Califórnia e em algumas regiões do Reino Unido.

Rodrigo Hilbert e Fernanda Lima divulgaram vídeo comendo placenta

A prática já foi realizada por alguns famosos, e na última semana o casal de apresentadores do programa “Bem juntinho”, Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert, viralizou nas redes sociais após divulgar um vídeo de 2019, onde ambos aparecem comendo a placenta de Fernanda depois do parto da filha caçula.

As imagens causaram estranheza em grande parte da população, que até então não conheciam a pratica, comumente realizada em outros países.

O ato de consumir o órgão é chamado de placentofagia, é realizado em algumas culturas que acreditam ser uma boa forma de repor o ferro no organismo, ajudando a mulher na recuperação pós-parto, na amamentação e na prevenção da depressão.

As formas de ingerir a placenta são inúmeras, existem mulheres que comem crua, outras que preferem cozinhar ou misturar em alguma bebida, e se encontram até locais, principalmente nos EUA, que fazem capsulas com o órgão para que a mulher consuma.

Não há pesquisas suficientes que comprovem a eficácia

No entanto, não há nenhuma comprovação cientifica até hoje que mostre eficácia real da ingestão da placenta, inclusive, a Faculdade de Medicina de Northwestern nos Estados Unidos analisou dez pesquisas sobre o tema e disse não tem encontrado evidencias de que o consumo possa oferecer redução de dores no pós-parto, redução das chances de ter depressão, auxilio na amamentação ou aumento do ferro no organismo da mulher, como muitas culturas acreditam.

Consumo da placenta pode ser prejudicial

Em busca por informações sobre o consumo feito por Fernanda e Rodrigo, não são encontrados estudos conclusivos sobre os benefícios ou riscos em bancos de dados científicos como o PubMed, Scielo, entre outros.

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP), por exemplo, ressalta que não são conhecidos os riscos da placentofagia e que “poderíamos equipará-los ao consumo de vísceras não controladas do ponto de vista sanitário. Assim, protozooses, infecções bacterianas e virais podem ser transmitidas. Duas doenças oriundas de ingestão de alimentos impróprios e causadas por príons também devem ser consideradas: a encefalopatia espongiforme e o kuru (doenças dos canibais) ”, diz a nota.

Um relatório divulgado pelo Controle de Doenças dos Estados Unidos, mostrou que, caso não seja esterilizado adequadamente, a placenta pode transmitir bactérias e vírus, incluindo Zika, HIV e Hepatite caso outra pessoa, além da mulher, consuma. Os hormônios e toxinas acumulados durante a gestação também pode gerar intoxicação em quem consumi-lo. 

Para as mulheres que, sabendo dos riscos, ainda optam por realizar a prática, a Anvisa determina que a paciente faça uma requisição prévia ao hospital, informando que quer levar para casa. Porém, para conseguir essa autorização, a instituição deve dispor de procedimentos para guardá-la de forma adequada e realizar a entrega do órgão com segurança, preservando-a da ação do tempo, sendo assim, nem todos os hospitais poderão oferecer essa opção.

você pode gostar também
Deixe uma resposta