O Ibovespa encerrou o pregão desta sexta-feira (25) com alta de 0,11%, aos 134.739,28 pontos, marcando o quinto avanço consecutivo e renovando sua máxima no ano. Na semana, o principal índice da B3 acumulou valorização de 3,92%, impulsionado pelo desempenho positivo dos bancos e das ações do setor de frigoríficos, apesar da pressão negativa exercida pela Vale. O volume financeiro do dia foi de R$ 24,3 bilhões.
Fatores internos e externos moldam o cenário
A performance do mercado foi influenciada por diversos fatores. No ambiente doméstico, os investidores digeriram a divulgação do IPCA-15 de abril, que subiu 0,43%, em linha com as expectativas e abaixo dos 0,64% registrados em março. Em 12 meses, o índice acumula alta de 5,49%, conforme dados do IBGE.
Segundo Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, a leitura qualitativa da inflação ainda preocupa, com serviços rodando acima de 6%, mesmo diante da desaceleração pontual em transportes e habitação. A projeção da casa aponta para uma alta de 0,46% no IPCA de abril, fechando 2025 com 5,67% e 2026 com 4,41%.
No cenário internacional, as incertezas em torno das tarifas comerciais entre Estados Unidos e China mantiveram o tom cauteloso entre os investidores. Mais cedo, o presidente norte-americano Joe Biden declarou que não retirará as tarifas impostas à China sem contrapartidas significativas, o que gerou tensão nos mercados globais.
Ainda assim, os índices em Wall Street fecharam no positivo:
- Dow Jones: +0,05% (40.113,50 pontos)
- Nasdaq 100: +1,26% (17.382,94 pontos)
- S&P 500: +4,59% (5.525,21 pontos)
Na semana, os ganhos foram expressivos: Nasdaq subiu 6,73%, S&P 500 4,59% e Dow Jones 2,48%.
Frigoríficos lideram ganhos; Azul despenca
No setor corporativo, o destaque positivo ficou com os frigoríficos, que recuperaram o fôlego após uma realização técnica no pregão anterior. As ações da Marfrig subiram +8,44%, seguidas por Minerva (+4,40%), BRF (+4,04%) e JBS (+2,46%). A queda no preço do milho no Brasil contribui para o otimismo com as margens, especialmente nas companhias que atuam com carnes de frango e suína.
Por outro lado, o papel da Azul (AZUL4) liderou as perdas, com recuo de 17,37%. A forte queda refletiu a reação negativa do mercado ao plano de captação bilionário anunciado pela companhia como parte da sua reestruturação financeira. A ação acumula desvalorização superior a 30% na semana, em meio a preocupações com diluição de valor para os acionistas.
Vale pressiona o índice; bancos sustentam desempenho
As ações da Vale (VALE3) caíram 2,63%, refletindo o desempenho fraco em função da demanda chinesa mais incerta. A mineradora foi um dos principais vetores negativos da sessão.
Já o setor bancário ajudou a sustentar o Ibovespa, compensando parte das perdas. Petrobras também teve desempenho positivo, com alta de 0,49% nas ações ordinárias e 0,29% nas preferenciais, em um dia de estabilidade nos preços internacionais do petróleo.
Dólar fecha em leve queda e juros futuros oscilam
O dólar comercial encerrou o dia cotado a R$ 5,6883, com recuo de 0,07%. Na semana, a moeda norte-americana acumulou queda de 2,04% frente ao real. O dólar futuro para maio operou praticamente estável, a R$ 5,688.
Segundo Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, o real se beneficiou do carry trade positivo e da taxa de juros atrativa no Brasil. Ela destacou a percepção de fim do ciclo de alta da Selic, com o IPCA-15 reforçando um cenário mais favorável para a inflação.
As taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) encerraram o dia com leve alta:
- DI jan/26: 14,625% (ante 14,600%)
- DI jan/27: 13,875% (ante 13,860%)
- DI jan/28: 13,520% (ante 13,515%)
- DI jan/29: 13,620% (ante 14,600%)
Perspectiva cautelosa segue no radar
Para Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital, o mercado segue operando de forma cautelosa, diante da falta de avanços concretos nas relações comerciais EUA-China. Apesar disso, ele destaca que a movimentação da Bolsa segue positiva, sustentada por setores específicos e pelo alívio na inflação.
Pedro Moreira, da One Investimentos, avalia que o ambiente externo está mais tranquilo em relação à semana anterior, marcada por forte volatilidade. Ele aponta que o investidor mantém uma postura conservadora, priorizando proteção, mas atento a oportunidades.
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