Ibovespa recua com Petrobras e incerteza sobre medidas fiscais

O Ibovespa encerrou o pregão desta quarta-feira (5) em queda de 0,39%, aos 137.001,58 pontos, pressionado principalmente pelo desempenho negativo das ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) e pela cautela do mercado diante da indefinição sobre as novas medidas fiscais que o governo pretende anunciar.

O volume financeiro negociado na sessão foi de R$ 21,6 bilhões, enquanto o Ibovespa futuro, com vencimento em junho, recuou 0,53%, aos 13.665 pontos.

Petrobras lidera perdas em meio a possível nova taxação

As ações da Petrobras recuaram fortemente: PETR3 caiu 2,90% e PETR4, 2,75%, puxando o índice para o campo negativo. Segundo o especialista Ian Lopes, da Valor Investimentos, a expectativa de que o governo arrecade até R$ 35 bilhões no setor de petróleo e gás até 2026, como alternativa ao fim do IOF, causou apreensão nos investidores.

“Essa possível arrecadação pressiona o fluxo de caixa da Petrobras e afeta as expectativas de pagamento de dividendos, o que impacta diretamente o valor de mercado da companhia”, explica Lopes.

Setor bancário também pesa no índice

Além da estatal, outras ações de peso registraram perdas. Banco do Brasil (BBAS3) caiu 2,74% e Itaú (ITUB4) teve leve recuo de 0,24%, acompanhando o movimento de realização no setor financeiro.

Para Diego Faust, operador da Manchester Investimentos, o mercado segue em compasso de espera pelas medidas estruturantes.

“Apesar do bom relacionamento entre Executivo e Legislativo, o histórico de lentidão nas definições gera desconfiança. A recente alta da reprovação do governo Lula em duas pesquisas [Genial Quaest: 57%; PoderData: 56%] foi bem recebida pelo mercado, mas o fôlego pode ser curto diante da ausência de um novo ‘driver’ macroeconômico”, afirmou.

Faust também comentou que o Ibovespa já vinha de uma sequência de altas, aproximando-se de seu topo histórico.

“Para continuar subindo, o mercado precisa de fundamentos sólidos que sustentem esse movimento.”

Câmbio e juros reagem à incerteza fiscal

O dólar comercial fechou em leve alta de 0,12%, cotado a R$ 5,6440, acompanhando a cautela dos investidores quanto ao futuro do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

As taxas futuras de juros (DIs) também subiram, refletindo ajuste técnico e a expectativa em torno das mudanças fiscais. Por volta das 16h40:

  • DI jan/26: 14,830% (de 14,800%)
  • DI jan/27: 14,220% (de 14,175%)
  • DI jan/28: 13,660% (de 13,650%)
  • DI jan/29: 13,615% (de 13,620%)

Mercados internacionais encerram em direções mistas

Nos Estados Unidos, os principais índices fecharam de forma mista, após a divulgação de indicadores abaixo do esperado:

  • Dow Jones: -0,22%, aos 42.427,74 pontos
  • Nasdaq 100: +0,32%, aos 19.460,49 pontos
  • S&P 500: estável, aos 5.970,81 pontos

Entre os dados que impactaram Wall Street, destacam-se o relatório ADP de criação de vagas no setor privado e o ISM de serviços, ambos abaixo das projeções do mercado.

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