Doença viral mão-pé-boca causa lesões dolorosas em crianças

Em Pato Branco, 10 casos foram registrados em um CMEI, porém, neste momento, a Vigilância Epidemiológica descarta a possibilidade de surto da doença

Diversos Estados brasileiros estão em alerta e muitos já registram surtos da doença viral mão-pé-boca. A preocupação já tem sido reconhecida em alguns pais e cuidadores de Pato Branco e região, mas será que esta doença é perigosa?

Conversamos com a pediatra Bruna Dariva, que esclareceu alguns pontos relevantes sobre a doença e alertou sobre os cuidados que devem ser adotados para evitar o contágio e proliferação da doença.

A médica explicou que a doença ou síndrome mão-pé-boca é causada pelo vírus Coxsackie e acomete, principalmente, crianças abaixo dos 5 anos, mas pode acontecer em adultos também. “Esta é uma doença altamente contagiosa, porém, na maioria dos casos, é benigna e autolimitada, com duração de aproximadamente uma semana”.

A transmissão ocorre através das fezes e de secreção respiratória, como a saliva, de pessoas contaminadas, então cuidados como higienizar corretamente as mãos e, manter distanciamento social seguro de pessoas com sintomas é essencial para evitar o contágio.

Sinais de alerta

Com relação aos sinais da doença, a pediatra conta que um dos primeiros sintomas identificados é quando a criança inicia o quadro com febre, dor de garganta e recusa a alimentação. Isso associado a lesões pápulo-vesiculares em boca, mãos e pés caracterizam o início da doença.

“Podem aparecer lesões em joelhos, cotovelos e também nas nádegas. As lesões são dolorosas, principalmente as da cavidade oral”, alerta Bruna.

Ainda segundo a médica, a principal complicação que a doença mão-pé-boca pode causar à saúde das crianças é a desidratação, por causa da recusa na ingestão de alimentos e líquidos, devido às lesões na boca. “Em casos de lesões extensas e não aceitação de líquidos, a criança deve passar por atendimento médico para avaliar necessidade de internamento”, diz.

Prevenção e tratamento

Por se tratar de um quadro viral e autolimitado, o tratamento é realizado com medicamentos sintomáticos para alívio da dor, controle da febre e hidratação corporal.

“Após 3 a 8 semanas da infecção aguda pode ocorrer descamação da palma da mão e planta dos pés, assim como queda das unhas das mãos e/ou dos pés, não sendo necessário nenhum medicamento e ocorre nascimento das unhas novamente em aproximadamente 2 meses”, destaca.

Sobre as medidas de prevenção que podem ser adotadas, a médica explicou que mesmo sendo um quadro de doença viral, não existe disponível uma vacina específica para combater esse vírus. “Para diminuir o quadro de transmissão, deve-se aumentar as medidas de higiene, como lavagem das mãos, principalmente após as trocas de fraldas e idas ao banheiro, limpeza dos brinquedos e objetos compartilhados, e evitar compartilhar objetos pessoais, talheres e copos”, recomenda.

“É importante lembrar que as crianças e adultos contaminados devem permanecer afastados das atividades escolares, ou do trabalho, até o desaparecimento dos sintomas, que geralmente dura em torno de 5 a 7 dias”, conclui Bruna.

Bruna Dariva é médica pediatra, CRM: 33176 – RQE: 22112

Registro de casos

Apesar de ser mais comum no outono, o vírus pode circular em qualquer época do ano.

Em Pato Branco, segundo a coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, Tatiany Zierhut, foram registrados 10 casos da doença em um dos Cmeis do município. “As crianças foram atendidas na UPA e na unidade de saúde”.

A coordenadora afirmou ainda que ainda não existe uma preocupação com um possível surto da doença, mas as pessoas devem seguir as recomendações preventivas. “Na presença de sintomas, os pais devem procurar atendimento médico e não levar a criança para a escola”, diz.

A pediatra Bruna Dariva explicou que “para considerar surto, deve haver 2 ou mais casos que se relacionem entre si, como crianças da mesma sala de aula, então é muito fácil ter surto de uma doença, ainda mais sendo altamente contagiosa como a síndrome mão-pé-boca. Entretanto, a maioria dos casos é benigno e autolimitado e, por isso, não deve se tornar motivo de preocupação para os pais”, conclui.

Saiba como prevenir! Confira estas dicas

– Nem sempre a infecção pelo vírus Coxsackie provoca todos os sintomas clássicos da síndrome. Há casos em que surgem lesões parecidas com aftas na boca ou as erupções cutâneas; em outros, a febre e a dor de garganta são os sintomas predominantes;

– Alimentos pastosos, como purês e mingaus, assim como gelatina e sorvete, são mais fáceis de engolir;

– Bebidas geladas, como sucos naturais, chás e água são indispensáveis para manter a boa hidratação do organismo, uma vez que podem ser ingeridos em pequenos goles;

– Lembre-se sempre de lavar as mãos antes e depois de lidar com a criança doente, ou levá-la ao banheiro. Se ela puder fazer isso sozinha, insista para que adquira e mantenha esse hábito de higiene mesmo depois de curada;

– Evitar, na medida do possível, o contato muito próximo com o paciente (como abraçar e beijar);

– Cobrir a boca e o nariz ao espirrar ou tossir;

– Manter um nível adequado de higienização da casa, das creches e das escolas;
– Não compartilhar mamadeiras, talheres ou copos;

– Afastar as pessoas doentes da escola ou do trabalho até o desaparecimento dos sintomas (geralmente 5 a 7 dias após início dos sintomas);

– Lavar superfícies, objetos e brinquedos que possam entrar em contato com secreções e fezes dos indivíduos doentes com água e sabão e, após, desinfetar com solução de água sanitária diluída em água pura (1 colher de sopa de água sanitária diluída em 4 copos de água limpa);

– Descartar adequadamente as fraldas e os lenços de limpeza em latas de lixo fechadas.

Fonte: MS

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